Bem, continuando o
assunto de semana passada falaremos mais um pouco a respeito de ações e da
bolsa de valores.
Um tópico importante que
citei no último post, mas esqueci de explicar foi sobre Tag along. Só para
esclarecer, esse mecanismo previsto em lei serve para proteger os acionistas
minoritários (pequenos investidores) que possuem (geralmente) ações ordinárias
de uma determinada empresa. Geralmente o percentual varia de 80% à 100%.
Imaginemos a seguinte
situação: João possui 3000 ações da empresa Y que ele adquiriu a um preço de
R$1,00. De repente, surge a notícia de que uma organização Z quer comprar as
ações do controlador da companhia (o majoritário que detêm mais de 50% das
ações) por um preço de R$ 2,00. Caso a negociação se efetive, as suas ações que
possuem um tag along de 80% será
oferecido o valor equivalente a esse percentual pelas suas ações.
E aí, cabe ao investidor
se aceitará realizar a venda ou não.
Agora que consegui
corrigir o erro de semana passada, podemos dar continuidade ao post. Agora
falarei sobre como escolher as ações na bolsa.
O primeiro passo é você
estudar a respeito de como será sua estratégia das compras de ações. Existem
muitas pessoas que usam as análises técnicas para atuar na bolsa. Estudam
gráficos, acompanham as oscilações dos preços e dominam as técnicas das ordens
de STOP e Compra.
Com os conhecimentos
corretos você trabalha com Day-trade (compra e venda diária de ações), Swing
trade (compra e venda semanal de ações) ou Can Slim(compra e venda mensal de
ações). Como esse não é o campo que eu tenho domínio, não entrarei em detalhes
sobre o assunto.
Na minha humilde
opinião, acho que essa forma de trabalhar no mercado financeiro é muito
perigosa. Além de precisar de um capital volumoso para especular, é necessário
sangue frio e entender que as perdas acontecerão cedo ou tarde. Então você deve
utilizar um dinheiro que não está comprometido com nada.
Já a outra forma de
utilizar a bolsa é através da análise fundamentalista fazendo o Buy and Hold.
Basicamente, você irá buscar por ações que estejam em um valor abaixo do que
realmente valem, que dêem lucros consistentes e que possuam um crescimento
constante.
Aqui a lucratividade não
surge do dia para a noite, mas sim no decorrer dos anos com o crescimento da
empresa e o reinvestimento dos dividendos. A visão desse tipo de investimento é
sempre à Longo Prazo, ou seja, pelo menos uns 15 à 20 anos no mínimo.
De início é bacana
procurar conhecer os principais indicadores (ferramentas técnicas) que te
mostram alguns valores que podem influenciar na aquisição dos papéis de uma
empresa. Os principais são os seguintes:
LPA
(Lucro por Ação) – O
LPA reflete o lucro líquido da empresa dividido pela quantidade de ações
disponíveis no mercado. Usando o Banco do Brasil como exemplo, o lucro líquido
do Banco do Brasil é de R$14.354.100.000,00
e o número de ações circulando na bolsa é de 2.865.420.000. O resultado
da conta é de R$5,01 que significa que para cada 1 ação ela obteve essa parcela
de lucro.
Esse valor pode parecer
bacana, no entanto é necessário ter cautela quando se vai analisar qualquer
empresa. Para ter mais confiabilidade no uso dessa informação devemos verificar
se o crescimento desse número é crescente no decorrer dos anos.
P/L
(preço/lucro) - O cálculo desse indicador é o preço atual da
ação dividido pelo lucro de cada ação(LPA). Com esse resultado em mãos, podemos
dizer quanto tempo levará para você ter o dinheiro investido de volta em forma
de lucro. Continuando a usar o Banco do Brasil como exemplo. O preço atual do
papel é de R$18,57 e seu LPA é R$5,01 e fazendo essa conta (18,57/5,01)
chegamos em um resultado de 3,71 que nos leva a crer que em um período de 3 a 4
anos teríamos o retorno do valor inicialmente investido em forma de lucro. O que normalmente é divulgado é que P/L de
valor 15 são medianos, acima disso estão caras e abaixo desse valor baratas.
Isso demonstra que as
ações do banco são extremamente atraentes visto que o retorno é em um prazo relativamente
curto.
Mas lembre-se que esse
indicador jamais deve ser utilizado sozinho e cada pessoa deve estipular qual o
valor de P/L que ela acredita ser o ideal para si. Eu, geralmente, verifico
médias setoriais que me dão uma noção um pouco melhor do que posso considerar
bacana para minha carteira.
VPA
(Valor por Ação) - O valor patrimonial por ação
(VPA) indica o valor do patrimônio líquido da empresa por ação. O patrimônio
líquido é calculado subtraindo-se do total de ativos da empresa (máquinas,
dinheiro em caixa, fábricas, terrenos, patentes, etc) do patrimônio exigível
total dela (suas dívidas) e dividindo pelo número de ações. Então ele indica o
real patrimônio pertencente a empresa e seus acionistas. O Banco do Brasil
atualmente conta com o valor de R$25,10.
P/VPA (Preço/Valor Patrimonial por Ação) – Esse indicador é
calculado da mesma forma que o P/L, pegando o preço da ação e dividindo pelo
VPA. Ele mostra quanto o mercado está disposto a pagar por cada R$1,00 que o
acionista investir na empresa.
Empresas boas
geralmente tem um P/VPA acima de 1, pois ela é tão lucrativa que o mercado está
disposto a pagar um preço superior por cada ação comparada ao seu VPA. Os
acionistas consideram que a capacidade de lucrar da empresa é muito superior ao
que ela vale.
Mas isso não
significa que se a empresa estiver abaixo de 1 ela é ruim. Caso você faça as
análises da empresa e veja que ela é lucrativa, que o P/L é baixo, que tem uma
boa distribuição de proventos e ainda assim tem o P/VPA abaixo de 1,
provavelmente você terá uma pechincha em mãos.
Calculando o P/VPA
do Banco do Brasil 18,57/25,10 chega-se no resultado de 0,74 indicando uma boa
oportunidade de adquirir uma empresa lucrativa à um preço baixo.
DY (Dividend Yeld) – O DY indica o percentual dos dividendos dos últimos 12 meses
divididos pelo preço das ações. Grandes empresas, geralmente, apresentam esse
indicador baixo por utilizarem grande parte de seus lucros em reinvestimentos
visando o seu próprio crescimento.
Nesse caso pode-se
estabelecer um valor mínimo base para se analisar esse indicador e normalmente
é aplicado o percentual de 6%.
O DY do Banco do
Brasil gira em torno de 6,79% de acordo com meus últimos cálculos.
Ainda existem outros
indicadores importantíssimos como o LC (Liquidez Corrente) e o DBT/PL (Divida Bruta Total/
Patrimônio líquido), mas considero esses 5 primeiros como básicos para iniciar uma análise
bacana.
Deve-se também
levar em consideração a forma de governança da empresa, se sua lucratividade é
constante e consistente, se ela é a melhor do setor e como ela se comporta
diante dos cenários de que se apresentam no mercado. Com tudo isso em mãos é
possível obter uma análise mais fiel à realidade da empresa e se realmente vale
a pena investir nela.
Bom, acho que já
falei bastante por hora. Vou deixar para o próximo post para falar a respeito
das corretoras e de como se investir.
Lembrando qualquer
informação que cito, é uma mera opinião minha e não indicação de compras de
qualquer ação.
E como vocês
analisam as empresas que investem? Dividam com a gente suas estratégias de compra.
Qualquer dúvida ou crítica também é bem-vinda.
Abraços,
Daniel M. Ishihara